16/04/2024
Bateria

Histórico

A bateria é a alma e o coração de uma escola de samba. Suas batidas firmes, sempre no compasso binário (2/4), seguram o ritmo da escola, como se energizassem a avenida até a saída do último componente.

Os instrumentos de percussão foram herdados dos escravos africanos. Segundo Hiram Araújo, uma das principais características do samba está na “síncopa”, ou seja, tornar fraco um tempo forte, ou simplesmente omitir um tempo, presente nas raízes africanas.

Ao longo dos anos, os instrumentos foram se aperfeiçoando, perdendo um pouco das características que possuíam nos primeiros carnavais. São comuns histórias de instrumentos que utilizavam o couro do gato como matéria-prima, sendo esquentados numa fogueira momentos antes do desfile. Tudo isso parece muito estranho hoje. É difícil imaginar que o tamborim um dia já foi quadrado, que da barrica de madeira se fazia cuíca e surdo de marcação, que o reco-reco era feito com bambu ou chifre de animais.

Na formação da bateria das escolas de samba, estão elementos de outras manifestações carnavalescas e das religiões de origens africanas. As caixas e os taróis, por exemplo, são oriundos dos ranchos e dos cordões, enquanto o pandeiro e o reco-reco são típicos do candomblé.

Podemos dividir as peças de uma bateria em instrumentos pesados (surdos de marcação, repeniques, taróis, caixas de guerra e surdos de terceira) e instrumentos leves (tamborins, pandeiros, cuícas, pratos, chocalhos, frigideiras, agogôs e reco-recos).

Nos meses que antecedem o carnaval, os ritmistas, como são chamados os integrantes de uma bateria, ensaiam exaustivamente. Toda a preparação fica sob responsabilidade de um mestre de bateria, uma espécie de maestro, que tem a difícil tarefa de fazer a “orquestra” se apresentar perfeita no dia do desfile. Para isso, os mestres contam com o auxílio dos diretores de bateria. Juntos, o mestre e seus diretores planejam o quesito mais importante de uma escola de samba em seus mínimos detalhes, determinando o número ideal de ritmistas e a organização e disposição dos instrumentos.

Embora os mestres de bateria tenham liberdade para planejar a disposição dos instrumentos, algumas regras básicas precisam ser respeitadas, como a separação entre as peças pesadas e leves. Cada bateria possui suas características próprias, que precisam ser respeitadas. O que não é difícil, uma vez que, na maioria dos casos, os próprios mestres e diretores são formados aprendendo a tocar dentro das características de sua escola, mantendo uma estreita ligação com essas peculiaridades.

Pesquisa e criação de texto: Fábio Pavão

Bibliografia:

ARAUJO, Hiram. Carnaval – Seis milênios de história. Rio de Janeiro. Gryphus. 2000.

CANDEIA FILHO, Antônio & ARAÚJO, Isnard. Escola de samba – árvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro, Ed. Lidador, 1978.

 

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